A Haftará para Tetsavê  (ordenarás) encontramos  no livro do Profeta Yecheziel/Ezequiel 43:10-27. O profeta Ezequiel nasceu em Yerushalaim, Território da Tribo de Judá em 622 antes da era Comum e faleceu  no ano 570 depois da era comum no Exilio do segundo Império Babilônico. No seu livro ele relata Profecias contra Judá 1-24; Profecias contra as Nações nos capítulos 25-32; segue predições de nova vida 33-37; profetiza ainda contra Gogue e Magogue 38, 39 e termina com Israel na era do reino 40-48. E, é neste último contexto que encontramos a Haftará Tetsavê.

A Haftará começa dizendo “Tu, pois, o filho do homem mostra a casa de Israel este Templo, para que ela se envergonhe das suas iniquidades; meça o modelo”. O Eterno fala primeiramente ‘Tu’, essa expressão fala que a Schechiná está se unindo a Moshé. O mundo inferior está se unindo ao mundo superior. Isso é necessário para que Moshé entenda o projeto do Eterno e  que ele fale de tal forma com o povo através do espirito de sabedoria e conhecimento, cheio de amor e alegria pelo  projeto  que está recebendo e  assim, esta sua atitude  faça  com que os que veem o projeto se apaixonem e sonhem para que tudo se realize e que eles possam  ter a honra de ter o Templo construído.  

Continua dizendo:’filho do homem’, não o chama de meu filho ou minha criação. Filho do homem, ‘ben Adam’. Tehelim 8.5 dá o sentido para filho do homem como sendo ‘ser humano’. No entanto em no Livro de Ezequiel o Eterno pronuncia mais de 90 vezes essa expressão. Isso nos faz pensar do que é feito o homem? Afinal o homem é dicotomia (corpo e alma) ou tricotomia (espirito, alma e corpo)? Sabemos que a maioria das correntes judaicas são dicotomistas. Não importa, filho do homem fala de identidade. Fala de quem somos e o que prevalece na nossa vida. Fala de carácter, Yetzer hará.  Neste tempo de Corona vírus o Eterno nos dá oportunidade deixarmos de ser somente filhos do homem e nos tornarmos filhos do Eterno.  Devemos controlar   o ‘mau instinto’, acabar com a falsa santidade. O Rabi Noach de Elekovitz dizia:” – Quem executa o trabalho do Eterno para disfarçar alguma coisa, de que lhe vale isso? Não pode lograr a Deus, e se alguém consegue lograr os homens, a coisa lhe sai mal. Quem quer lograr, só logra a si mesmo e sai logrado”

O Eterno, constantemente nos chama ao arrependimento. Isso nos faz lembrar de muitas mães que quando querem repreender seus filhos que não estão obedecendo elas mencionam o nome da criança inteiro dos filhos e eles entendem que ela está muito zangada. Aqui o Eterno como uma mãe amorosa chama a casa de Israel para fazer teshuvá! Não chama as nações, mas o nosso povo, a Casa de Israel, aquela nação que disse sim no Sinai e agora este povo o traiu por um preço barato. Temos que lembrar que no fazer o mau há contentamento, emoção, no entanto não resplandece. Um milésimo de segundo na presença do Eterno trás Amor, perdão, cura, restauração, fé, alegria, sabedoria, conhecimento. As trevas viram luz, há compreensão dos mistérios da Torah. Como já foi dito, se nós como Casa de Israel somos ainda trevas, quão espessas são as trevas. No entanto até nelas o Eterno está presente. O versículo anterior nº 9, o Eterno pede para que o povo lance para longe a prostituição e os cadáveres dos seus reis para que Ele habite no meio do povo para sempre. Grandiosa proposta essa: Ele habitando no nosso meio – a era do Mashiach! No entanto, não há arrependimento sem confronto. Não há confronto se não há leis, princípios, ética, limites. Assim como não há teshuvá se não há nem quem ensine o significado de tudo isso e sem mudança de postura. Tem que haver um romper, um nascer para quem nós verdadeiramente somos: Filhos do Eterno. Como filhos devemos agir como nosso Papai/Avinu age. Essa é a nossa identidade, sermos parecidos com nosso Papai.

 Uns diria que é uma forma estranha de chamar um povo ao arrependimento mostrando a planta do Templo. Através de um desejo, um projeto. Ezequiel tem que falar para pessoas que estão no exilio. Que perderam o que tinham, foram destruídos, desonrados, que andavam fora o projeto do Eterno, no entanto, O Eterno de novo procura atrair Seu povo com ‘laços de Amor’, com conhecimento, com um sonho: o Templo. Quais eram os teus sonhos? Quantos sonhos não realizados, outros sufocados e alguns já foram enterrados a muito tempo. No entanto neste Shabat há um portal aberto porque o Eterno Aquele que é o D’us dos nossos patriarcas e matriarcas, o nosso D’us, e Ele disse: EU SOU o D’us dos Vivos! Como está escrito em Ezequiel 37, o Eterno é Aquele que de um montão de ossos ressequidos faz um poderoso exército. Não importa o quão ressequido estejam os sonhos, o Eterno nos desafia neste dia, e envia o Profeta Ezequiel para dizer: arrependa-se, profetiza a palavra, estude o projeto, ouse sonhar e poderá haver ressureição. 

  Como o significado do nome Ezequiel que é “Deus Fortalece”, assim é o Eterno que  fortalece o povo que  responde o seu  chamado para ser uma Nação Santa, para voltar ao primeiro amor porque em Cântico dos Cânticos diz ‘porque eu sou do meu Amado e o meu Amado é meu – nos chama a sermos um – Shemá Israel! E, morarei no meio deles.

Assim o Eterno fornece o projeto do Templo descrevendo o altar dos holocaustos e como esse altar deveria ser consagrado. O Eterno diz qual é a lei do Templo. Reforça que aquele lugar é santíssimo inclusive as medidas ao redor. Quando nos santificamos, tudo ao nosso redor é tocado. Além de se fazer conforme o projeto tem que ser obedecido Seus estatutos, Seus dispositivos e Suas leis. São as Suas Leis e não as minhas, nem as que eu acho mais convenientes. Temos a oportunidade de renovação, de santificação porque se não o fazemos, estamos tendo um ‘um deus estranho’ na nossa vida.  Temos que lembrar que o pecado não só contamina nosso corpo, mas nosso ser inteiro. Tudo que é do Eterno é ordenado, apesar de em certos momentos Ele abrir exceções por causa dos Seus atos de bondade. Pirkê Avot 1.18 menciona: ‘Raban Shimon bem Gamliel disse: O mundo perdura em virtude de três coisas: a justiça, a verdade e a paz, como está escrito: Administrem a verdade e a justiça pacifica em seus portais.” Há no mundo um grande choro por causa a justiça que foi subornada, da verdade que foi trocada pela mentira e em vez da honestidade o que vale é o poder do dinheiro. Se não fosse o Eterno nos ajudar, seriamos engolidos vivo. Bendito seja o Eterno que que a cada dia nos ajuda.

Tanto a Haftará como a Parashá ensina como o Eterno ajuda o ‘filho do homem’ se transformar em ‘filho do Eterno’. Para isso deve-se executar Seus projetos conforme Ele projetou, não só nas questões do Templo físico, como também as roupas, o comportamento adequado, e nos atos de purificação e assim: Adonai inloch leolam vaed (O Eterno reinará por toda a eternidade) no nosso meio.

Adar 14, 5781.
Febrero 26, 2021 E.C.

D’vorah -Anizia Ferreira

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